sábado, 23 de março de 2013

"Tempo de Esperas"


Boa noite!

Esta postagem será sobre o livro do Pe. Fábio de Melo, Tempo de Esperas.
Não é sobre castidade (sim, já me perguntaram isso quando eu falei o nome do livro!) e não é um livro totalmente religioso. Fala sim de Deus, mais pro final do livro.
Tratam-se de cartas entre um professor e um aluno de Filosofia, o assunto principal é o amor.
Seguem alguns trechos que gostei muito.


"O amor tem o dom de fundir as identidades, tornando-as uma só, mas sem que as particularidades se percam na fusão. Cada um é um a sós, mas juntas se transformam em uma pessoa que chamamos de nós."

"Não sei aonde ir, não tenho aonde chegar. A dor tem o poder de neutralizar iniciativas. Estou apático, incapacitado de procurar sonhos que possam me fazer recomeçar. Gostaria de descobrir um jeito de chegar, mas sem ter que ir."
(Me lembrou Novos Horizontes, Engenheiros do Hawaii)

"O tempo tem sido para mim uma experiência torturante. Existe uma morosidade em tudo o que me rodeia. O meu desejo é que uma noite profunda se debruçasse hoje, sobre minha vida e que eu só acordasse dez anos mais tarde. O sofrimento transforma o tempo. Eu o sinto estagnado, como se o relógio estivesse em descompasso, trabalhando ao contrário. Estranho. A alegria apressa as horas. O sofrimento paralisa. Você que tanto conhece a respeito do tempo, pode a vida nos envelhecer mais que o espaço demarcado na cronologia do calendário? Responda-me, mestre, ou cale-se para envelhecer duvidando, da mesma forma que eu duvido agora."
 
"Já estou certo de que você tem um filósofo desencantado abrigado no âmago de sua mente. Ele é arrogante porque tem consciência de ser limitado. A arrogância é  um recurso dos ignorantes. Quanto menos sabe, maior é o desejo de agredir aquele que atenta contra o que ele não sabe, mas julga saber. Mas na mesma casa onde se 
abriga o filosofo está também o poeta. E que grande poeta mora em você! Sorte a sua! A salvação do filosofo depende da sobrevivência do poeta. É ele que pode oferecer o equilíbrio de que você tanto necessita. O filosofo que há em você insiste em viver de análises infecundas. Já o poeta, este muito em breve aceitará plantar flores. 
Se o poeta prevalecer, é certo que o filósofo arrogante dará lugar ao filósofo sábio, perspicaz, astuto, equilibrado."



Indico a leitura a todos!
Católicos, evangélicos, espíritas, não importa a religião.
O Fábio de Melo não é apenas padre, é também formado em Filosofia, pós graduado em Educação e mestre em Teologia Sistemática. Ele é professor universitário, escritor, cantor e compositor.


3 comentários:

  1. Livro na íntegra
    http://www.manancialvox.com/boasnovas/Pe-F%E1bio-de-Melo-Tempo-de-esperas.txt

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  2. É fácil lembrar de épocas passadas e se identificar com algum trecho. Parece um dialogo intenso e com boas doses de filosofia.

    Apenas estranhei a função do poeta no ultimo trecho, este tipo de apatia costuma ser inspiração para os poetas, é este gosto pelos sentimentos exagerados e por sua expressão que os faz abraçar a melancolia, e não sair dela.

    Aparenta ser uma boa leitura, obrigado pelo conselho!!

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    1. O poeta é simples! Ele vive a melancolia sem deixar de plantar suas flores. Melancolicamente (ou não).
      Obrigada pela visita e leitura, Alessandro.
      Fique à vontade para comentar sempre!

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